A filosofia de que para obter bons resultados nos treinos é preciso sentir dor após o exercício pode não estar tão correta assim.
“No pain, no gain”, traduzindo, “sem dor, sem ganho” é a filosofia de muitos praticantes de atividade física, seja ela musculação, crossfit ou até mesmo Pilates, mas será que sentir dor após os treinos é realmente a melhor maneira de obter bons resultados?
A dor no pós-treino acontece pois durante o exercício ocorrem micro-lesões na musculatura, que no período de descanso cicatrizam, ela ainda pode estar relacionada à intensidade exagerada do exercício que faz com que nosso corpo produza ácido lático e este fica acumulado no organismo.
Muitos medem a eficácia de seus treinos baseados nessas dores musculares que surgem nos dias seguintes, no entanto um estudo desenvolvido por pesquisadores brasileiros e canadenses, publicado no “The Journal of Physiology” avaliou indivíduos em treinos com pesos durante 10 semanas e a conclusão foi de que o período em que as pessoas sentiam dores não era acompanhado de hipertrofia (aumento de volume muscular), os ganhos de massa muscular começaram somente nas semanas seguintes, período em que não existiam dores no pós-treino.
Pessoalmente, quando comecei a dar aulas de Pilates achava incrível quando os alunos diziam ter ficado alguns dias com dificuldades em alguns movimentos por conta de dores musculares após as aulas, ao parar para analisar percebi que estava indo contra os princípios do método, pois o Pilates preza pelo movimento inteligente e consciente, se nosso corpo é todo interligado e um problema no dedinho do pé pode afetar o bom funcionamento da nossa cervical (região do pescoço) então imaginem quantas compensações acontecem pelo corpo ao sentirmos dores excessivas durante o movimento! Mudei totalmente meu esquema de trabalho, hoje penso em qualidade de movimento e qualidade de vida para meus alunos.
Portanto, ao invés de fazer treinos excessivamente puxados com cargas que colocam em risco a saúde do corpo podemos pensar na filosofia “no pain, no gain” como forma de disciplina para manter a regularidade da atividade física, aquela forcinha que fazemos para ir treinar nos dias em que estamos menos motivados, lembrando sempre de respeitar os limites do corpo, afinal para chegar a um treino mais intenso é preciso preparo e dor não necessariamente significa efetividade.
Por Augustus Moraes